quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Os últimos momentos de Mário Japa no Brasil


Os últimos momentos de Mário Japa no Brasil

Gabriel Passos – Para o blog A Luta Armada no Brasil –
www. lutaarmadabrasil.blogspot.com

No dia 21/12/2008, Mario Japa – apelido de Chizuo Osava – gentilmente nos atendeu, via telefone, e concedeu uma entrevista onde contou sobre sua prisão e troca pelo cônsul japonês no Brasil, Nobuo Okuchi. Um dos mais importantes quadros da VPR, Chizuo Osava era considerado um braço-direito de Lamarca pela ditadura militar.

Do Brasil ao México

Na manhã do dia 27 de Fevereiro de 1970, Chizuo Osava, o Mário Japa, sofre um acidente automobilístico na Estrada das Lágrimas, em São João Clímaco (SP). No momento do socorro, realizado por policiais da Rádio Patrulha, foram encontradas armas e documentos da VPR. Mário sofre leves arranhões e só acorda na delegacia do bairro.
O delegado-torturador Sérgio Fleury logo soube da presença de Mário na delegacia e deu ordens para que fosse transferido para o DOPS. No entanto, o delegado de plantão só aceitou a exigência depois de feito o exame de corpo de delito.
Aceita a exigência, Mário foi encaminhado para o DOPS, sendo recebido por Sérgio Fleury e sua equipe. Severamente torturado durante dois dias e duas noites, seu tempo de permanência na delegacia, chamou a atenção da recém-criada OBAN (Operação Bandeirante), que pediu sua transferência. Fleury não quis. Chegou a ir ao encontro do então Secretário de Segurança do estado. “Repressão política é com o DOPS”, dizia. A OBAN reagiu: Ameaçou invadir o DOPS, “meter bala” e retirar Mário Japa. Diante de tal ameaça, Fleury cedeu.
No dia 29/02, Mário é transferido para as mãos da OBAN. Porém não conseguia se levantar e vomitava sangue, resultado de dois dias ininterruptos de tortura. Passado um dia e meio com a OBAN, Mário foi levado a um Hospital Militar, onde permaneceu até sua libertação.
No hospital, enquanto se recuperava, percebeu que algo estava acontecendo. Um médico adentrou a enfermaria e disse “É você que estão querendo?”. “Querendo o quê?”, respondeu Mário. Diante de tal resposta, o médico desconversou. E mais convicto ficou Mário de que ocorria um sequestro. Na época, a VPR tinha planos de sequestrar grandes industriais, libertar presos dentro do país – ou seja, não enviá-los para o exterior – e parar com a tortura. Nada de sequestrar embaixadores ou cônsules.
Depois do médico, veio um “capitão” da OBAN. Propôs um “trato”: Entregaria Carlos Lamarca e seria levado para o Uruguai, onde receberia uma grande quantia em dólares. Mário riu e não concordou.
Algumas horas depois, foi levado a uma cela, “com grades, cadeado e tudo mais”, nas palavras do próprio. Dali saiu para o aeroporto de Congonhas. Mal conseguia andar e ainda estava debilitado. Às 17h25 do Sábado, saiu o Caravelle fretado aonde iam Mário, mais quatro presos políticos e três crianças.
Mário, enfim, pode respirar novos ares. O México nem de longe lembrava nosso “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”, mas oferecia o que não tínhamos por aqui: Liberdade.

3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns ao Mário pelo caminho que resolveu trilhar. Hoje, é possível fazer-se um balanço dos erros e acertos da estratégia escolhida na época. Mas foi a contribuição que alguns brasileiros deram para acabar com a ditadura militar e trazer o Brasil de volta à democracia.

Anônimo disse...

Nada mais do que um bandido comum que erguia a bandeira da democracia com uma das mãos e assassinava, friamente cidadãos brasileiros comuns. Esse outro idiota ainda fala de "contribuição que alguns brasileiros deram para acabar com a ditadura....". A abertura politica foi concedida meu caro..caso contario estariam no pau-de-arara ate agora.

Anônimo disse...

Cala boca idiota! você deveria estar no pau de arara! ou melhor sua família, ainda assim acredito que velhos retardados como você ainda não iriam entender nada!